15 de maio de 2010

Os doces que a gente esquece.

De lei é trocar o chá mate docinho pelo café margoso quando a gente cresce.
Talvez foi assim e sem saber que deixei pra lá o gosto pela bolacha recheada e viciei-me naquela sem sal - água e sal com margarina. Mas deve ser a falta de vontade ou a pressão das responsabilidades e sociedade em cima da gente que me fez não mais comer meus doces preferidos, balas, chicletes, chocolates.
Mesmo é que não queria isso pro meu amadurecimento, tanto porque ainda gosto do leite fermentado e ainda bebo danone pelo bico e não de colher. Troco até propositalmente o almoço por um pacote de bolacha, ás vezes um salgadinho.
Acontece que a gente esquece das coisas boas da vida quando a gente tá adulto ou querendo ser um. E não são só as comidas deliciosas das tias que a gente esquece, mas também as brincadeiras, os sorrisos, a inocência, a arte de ser feliz e a doçura. Meu medo é perder tudo isso e concentrar-me ali, no café.

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Mariana Lopes

7 de maio de 2010

Como uma irônica sincronia

Engraçado é como a gente repara e ri por dentro, sem querer ou inconscientemente. Um dia desses, naquela rotineira trajetória do dia-a-dia, deparei-me com dois homens à minha frente sentados. Um vestia uma camiseta amarelo meio opaco, outro vinha com uma camisa branca com miúdas listrinhas negras ou azuis.
Ao passarmos por algum ponto em que o ônibus teve de parar, vêm-me uma senhorita que não sei se assim a posso chamar [já que empurrava um carrinho de bebê]. Combino que ela não era nada feia ou coisa parecida, mas composta de uma beleza natural que chamava mesmo a atenção de quem a visse passar com o carrinho de bebê à frente. Loira e de olhos apenas castanhos, carregava um belo corpo e uma face incomparável.
Daí que observando os homens percebi uma coisa que para mim foi engraçado, mas que caí na sincronia de ambos para olhar a jovem que ali passava na calçada ao lado do ônibus quando o sinal estava vermelho. Foi como um passo de dança em sincronia que nossas cabeças se moveram a observar a moça. Ironia é zombar dos pobres homens quando eu mesma caio na besteira de seguir os passos deles, ou dela; dá na mesma.

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Mariana Lopes

4 de maio de 2010

Nem faz sentido tê-la

Às vezes a vida me proporciona coisas que nem eu mesma sei explicar..
Nunca há o que me diga pra fazer o que é certo, nem o errado também. Receio que a vida goste de me deixar dúvidas, deixar-me confusa o tempo todo. Não que eu não goste.. mas é que "receio" a gente tem que ter.
Até que, no acaso, me bate uma vontade imensa de fazer algo, de começar o que a muito tempo eu  parei de fazer por míseros momentos de preguiça, e no seguinte eu desanimo [com suavidade] e tenho que manter meus momentos ali na rede ou no sofá.
Talvez porque necessito de ânsia, de arrepios, de precipitações..
Talvez não. já que na maior parte do tempo essa ansiedade é em vão e nem faz sentido tê-la, apesar de ser a coisa mais gostosa e mais ruim que já senti.
As coisas acontecem..
..eu continuo com dúvidas..
..,tenho certezas também; mais dúvidas do que certezas, mas certezas também.
As coisas acontecem..
..e eu espero acompanhá-las a partir de aqui.

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Mariana Lopes

29 de abril de 2010

Tatuagem

[Das vezes que escrevi algum poema intencionei-me a marcá-lo na pele de alguém.]

Amor de gestos, toques; dizer sem palavras o que se sente; ler nos olhos o roteiro, a próxima palavra; tirar dos gemidos, mesmo aqueles que parecem não ter sentido, a rima perdida de um final de verso que a respiração ofegante quase não deixa terminar.
Quero um dia fazer um poema com o sabor das bocas que se tocam, que se encontram e que se dão.
Quero um dia escrever algo em alguém, quase um poema, uma tatuagem.

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Mariana Lopes

15 de abril de 2010

Porque eu gosto de matutar.

Daí que eu estava andando a matutar..
Quis saber as soluções de tantas coisas.. tantas besteiras, quem sabe?
E pra cada uma delas, a cada momento, eu encontrava uma nova pergunta.
A que mais me intrigou foi, talvez a que mais me pois a pensar e a repensar conceitos que eu jamais imaginei ter: "Porque?"
Coloquei-me a mim mesma questões insolúveis.
[E de saber que andar me faz tão bem.. que me faz ter certeza de tanta coisa, mas que faz-me questionar tantas outras.]
E quando digo que me desconcerta, é porque é certo e verdade.
E digo mais.. pois se meu dia foi um tanto triste foi também, e até à noite, feliz..
Porque você me faz tão bem.

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Mariana Lopes

12 de abril de 2010

O que Luiz Tatit compôs e Zélia cantou, talvez, pra nós.


Eu ia saindo, ela estava ali
no portão da frente.
Ia até o bar, ela quis ir junto.
"Tudo bem", eu disse.
Ela ficou super contente.
Falava bastante,
o que não faltava era assunto
sempre ao meu lado,
não se afastava um segundo
uma companheira que ia a fundo.
Onde eu ia, ela ia.
Onde olhava, ela estava.
Quando eu ria, ela ria.
Não falhava.
No dia seguinte ela estava ali
no portão da frente.
Ia trabalhar, ela quis ir junto.
Avisei que lá o pessoal era muito exigente
ela nem se abalou
"o que eu não souber eu pergunto".
E lançou na hora mais um argumento profundo
que iria comigo até o fim do mundo.
Me esperava no portão.
Me encontrava, dava a mão.
Me chateava, sim ou não?
-Não.
De repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido.
O que fica sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha.
Isso pra mim é felicidade
achar alguém assim na cidade
como uma letra pra melodia
fica do lado, faz companhia.
Pensava nisso quando ela ali
no portão da frente
me viu pensando, quis pensar junto.
"Pensar é um ato tão particular do indivíduo"
e ela, na hora "particular, é? duvido"
E como de fato eu não tinha lá muita certeza
entrei na dela, senti firmeza.
Eu pensava até um ponto
ela entrava sem confronto.
Eu fazia o contraponto
e pronto.
Pensar assim virou uma arte
uma canção feita em parceria
primeira parte, segunda parte
volta o refrão e acabou a teoria.
Pensamos muito por toda a tarde
eu começava, ela prosseguia
chegamos mesmo, modesta à parte
a uma pequena filosofia.
Foi nessa noite que bem ali
no portão da frente
eu fiquei triste, ela ficou junto.
E a melancolia foi tomando conta da gente
desintegrados, éramos nada em conjunto.
Quem nos olhava só via dois vagabundos
andando assim meio moribundos.
Eu tombava numa esquina
ela caía por cima
um coitado e uma dama
dois na lama.
Mas durou pouco, foi só uma noite
e felizmente
eu sarei logo, ela sarou junto.
E a euforia bateu em cheio na gente
sentíamos ter toda felicidade do mundo.
Olhava a cidade e achava a coisa mais linda
e ela achava mais linda ainda.
Eu fazia uma poesia
ela lia, declamava.
Qualquer coisa que eu escrevia
ela amava.
Isso também durou só um dia
chegou a noite acabou a alegria.
Voltou a fria realidade
aquela coisa bem na metade.
Mas nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade, era eu que era.
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Zélia Duncan - por Luiz Tatit

7 de abril de 2010

O dia em que te mostrei meu outro eu.

Parecia ser tão bom, tão bonito.
Era que a ilusão me tomava conta e eu já não sabia ser eu mesma diante à hiperatividade do meu corpo e a ansiedade da minha mente, porque eu só queria ter-te em mim naquele momento.
E para você nada mais parecia fazer sentido.. nada era real - nada daquilo que esperávamos, um dia, ser.
Volvo, então, ao mundo - aquele de verdade - e já não sei o que pensar.
Uns dias sem ver-te façam-me, talvez, bem.
"Dupla personalidade", digo-te porque é mesmo! Não posso esconder, pois a pessoa que conhece como que escrevendo é, sim, diferente da que conhece como que falando.

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Mariana Lopes

4 de abril de 2010

Fluoxetina

Tão jovem, mas que já sustenta seu vício por sedalgina, neosaldina ou qualquer outro tipo de mucato de isometepteno misturado a dipirona sódica e cafeína.
O café já não lhe faz efeito.. e o tempo continua.
Ela dorme como em sono nunca feito.. desfalece em sinestesia.
Tenta levantar-se, mas apenas seu espírito se move. Ela se encontra em paralisia, drama dos efeitos do dia anterior.
Nada dela seria não fossem os resultados da pílula da felicidade que ingere todas as manhãs.Fluoxetina.

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Mariana Lopes

3 de abril de 2010

meutudo *.*

1 de abril de 2010

Ontem à noite

Ontem à noite meus olhos não encontraram os seus, não encontraram suas palavras.
Ontem à noite eu quis lembrar-te, ter-te aqui.
Pensei na sua voz, na sua letra cor-de-rosa a me pedir saudade e lembranças.
Ontem à noite estive meio mal, não achava as palavras pra te agradar.
Ontem à noite eu vi a lua, vi os cigarros e vi a vida passar.
Diante da chuva a mente flutuava, e eu tentava lembrar-me da minha existência.
Foi-se a chuva.. e com ela minha sem gracês.
Ontem à noite eu vi a lua, um arco-íris no céu à noite.

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Mariana Lopes
As coisas ÓBVIAS não passam de PREVISÕES.

29 de março de 2010

Jogo de adivinhações

Não sei, não sei o que esconde..
Ou pelo menos escondo que sei.
E quem é você?
Você que me desconcerta e me faz confusão?
Você que me mata de curiosidade e me mata também de amor?
Você que se esconde para omitir sua verdade, mas que se mostra totalmente sincera?
Você, o que mesmo iria me dizer quando te descobri naquela sexta?
Não, não tenha medo. E mesmo que lhe seja involuntário a sensação de culpa ou dúvida, acredite no poder da sua verdade e naquilo que te faz bem.
Teve a oportunidade de me surpreender..
Senti um frio, é verdade, talvez por culpa da cuiosidade.. talvez por outra coisa unida a ela.
...
Me diz você se ta bom do jeito que tá.. se nossa amizade será pra sempre só amizade ou irá além das nossas conversas de adivinhações diárias.
A ansiedade nos toma conta a todo momento.. [mais um motivo de tanta compatibilidade].
E o acaso se torna insignificante agora.. [pois só nós sabemos o quanto são importantes os empurrões]. 
E eu respeito-te, considero-te, e confio-te toda minha vida se for preciso.
...
Não, talvez não haja nada mais que amor-amizade.. que vozes estranhas.. que conversas inacabadas.. nada mais que palavras.
Porque pra mim só ficará o irreal,.. e eu vou matutar pro resto da vida se era verdade ou se não passava de idealizações aquilo de que um dia eu ansiei tanto ter: Você.

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Mariana Lopes

24 de março de 2010

A melhor coisa da vida é saber aproveitá-la.

Saudade daquele..

Aqui, ouvindo valores necessários mas que jamais irão entrar-me na mente, faço você em imagem louca.
Aqui, que nada prende minha pouca atenção, desejo só um momento contigo.
Aqui, sentada de pernas a balancear, que na verdade não deveriam, enxergo meus sentimentos e a falta deles.
Aqui, que não posso ter-te em mim, erro ao pensar que algum dia isso vá acontecer.
Aqui, tão longe de onde você está, me aproximo mansamente em seu céu.. em seu coração.
Aqui, com os braços a escorarem na carteira, queria que os mesmos estivessem envolvendo-te.
Aqui, que de mãos, pés e cabeça amarrados, tento quebrar o ciclo que sempre me leva a seus olhos.
Tento, daí então, relembrar-me o que ainda não pode ser, mas que um dia, por sorte ou destino, nos encontraremos na realidade, para a eternidade e para o bem dos dois. É aquela saudade que se tem do abraço nunca dado.

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Mariana Lopes

12 de março de 2010

"I don't see what anyone can see, in anyone else but you."

6 de março de 2010

Os olhos que eu fitava.

E de perto parecia tão sem graça.. mas ao longe me matava de saudade.
E suas viagens no pensamento me encantavam..
Mas os tempos foram passando e cada palavra foi se tornando idiotice fora de seus fonemas.
Sua voz que de pertinho parecia piada, hoje tem tom elegante que me seduz em versos sussurrantes e envermelham-me as faces.
E eis que quero gozar-te as risadas alucinantes que compartilhávamos.
E seus olhos negros, que eu fitava, me faziam pensar em quanto tempo perdia admirando-os.
E as mensagens que os meus mandavam pareciam não interessar-te como deviam.
Qual é o seu segredo, pessoa-mistério?
...
-Queria-te aqui neste momento.

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Mariana Lopes

3 de fevereiro de 2010

Eterna casa de vovó

E por um momento fui sincera ao cair algumas das tantas outras lágrimas que já enchiam meus olhos.
[Lá fora, sem janelas ou portas que impedissem algum contato bizarro, notei como a vida acontece, no mais, como se vai embora também. Notei assim que tive certeza de que troquei o mate pelo café amargo.]

Pararam todos em mesma posição, e sem qualquer palavra - talvez alguns gemidos ou escarros - olhavam o corpo parado que não respirava nem se mostrava interessado em fazer tal movimento. E como num tilintar de escola, todos despertaram, menos [é claro] o indivíduo ali posto como quadro.
..
Enquanto alguns seguiam lentos, outros esperavam sentados afim de não sofrerem o descanso alheio. E com caras um tanto tristes, caminhavam ainda, acompanhando o corpo-quadro que não falava, não gemia, não escarrava, mas que enfim pôde ter a paz da não-dor.
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De lá algumas fofocas um tanto altas, de cá um terço valorizado pelo gemido que não chegava a ser um choro, mas que era tão emocionante quanto. Alguns sussurros e nada mais.
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Serviço feito, último tijolo colocado.. cimentava bonito a última parede da, agora, eterna casa de vovó.

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Mariana Lopes

21 de janeiro de 2010

A lâmpada do meu PC

[Talvez eu quisesse, mesmo, que alguma boa alma caída do céu olhasse para meus textos e gostasse tanto a ponto de bancar toda a publicação.]

Esses dias tava pensando em escrever um livro, mas percebi que era preciso uma vida, ou pelo menos parte dela, para se fazer isso. Em momento nem posso dizer que se vale como texto este escrito; é tanto tédio e tanta falta de criatividade acompanhada do não-tempo disponível, que até levei em consideração a possibilidade de abandonar essa coisa de blog. Até então nenhuma frase ou palavra que me arrepiasse os pelinhos da chureula. Tentei cansavelmente escrever alguma coisa; nada de surpreendente, já que tava sem um puto de inspiração. Odeio forçar!
Fui seguindo conforme a vida me proporcionou, mas sempre com uma vontade imensa de postar mesmo que já flopado. Demorou muito pra perceber que eu só precisava de algum tempo extra e um pouco de luz na lateral do PC. Foi mais que suficiente. Busquei o caderno com alguns rascunhos.. mas acabei desistindo dos rascunhos.. e do caderno, afinal de contas mais de um post por dia é falta de educação.

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Mariana Lopes