26 de novembro de 2009

A vida enguiça, meu bem!

Bem estava eu a matutar meu mísero futuro no tédio do sofá laranja. Não matutava, na verdade. Estado de choque, era assim que eu me encontrava. A preguiça e a má vontade de fazer qualquer outra coisa tornaram-se consequência das viagens que ultimamente ando fazendo.
[Não te encontrar todos os dias me fez repensar a frieza que tento ter com os sentimentos alheios e com os meus. Talvez tenha dito algo que.. sei lá, você sabe.]
-Às vezes a vida enguiça, meu bem!
E era esse o motivo que me fazia tanto matutar por aqueles dias. Talvez algo até mais sério, que não gostaria de comentar aqui.
Sabe.. eu sempre te dava boa noite antes de pegar no sono, dava até uma apressadinha com deus só pra ter mais tempo pensando em como seríamos. Você sempre respondia.
Me arrumava só para deitar, abraçar o travesseiro e pensar nos seus olhos acompanhados do seu sorriso.
Ah, se eu pudesse e soubesse como!
É, a vida enguiça, meu bem, e eu ainda não descobri como desenguiçá-la.

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Mariana Lopes

19 de novembro de 2009

Brincalhona

O que é real no mundo onde vive ou pensa viver?
O que as pessoas fazem é bondade, maldade ou querem te ver sofrer?
O que pode ou não falar?
O que pode ou não fazer?
-É mesmo tudo real?
-Vale mesmo a pena ser real?
-O que quer; quando sabe que pode querer?
-O que pode, como sabe que pode poder?
-E que sabe? Tem certeza que pode saber?
-O mundo não é real, as pessoas não são reais; tudo é uma grande e brincalhona alma.

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Mariana Lopes

16 de novembro de 2009

geeente.. eu ja sabiaa!

10 de novembro de 2009

Posto que.

... mas se for fugir, que seja para sempre. Posto que ja tenho idade, cabeça e consciência, quando voltar não estarei mais presente, nem meus cabelos.
Então que fuja! Pois farei o mesmo. Você, espelho da minha alma, é quem eu sigo e tomo exemplos.
Durma tranquila, pois estarei dormindo na casa de algum amigo ou parente.. [sei me virar]
E meus poemas trasformar-se-ão em alimento [saberei usá-los e abusá-los]// Vou ter casa, e vou ter comida. Só não sei a roupa lavada..! E talvez tenha algum parceiro [mesmo que indefinido ou vitima de preconceitos]]. Serei feliz.
Sim, é certo que não dê notícias por um bom tempo; precisa pensar, ficar um pouco sozinha. Todo ser que é humano precisa de loucuras e adrenalinas para colocar a cabeça no lugar.
Posto, então, que tenho idade, cabeça e consciência.. sou poeta.. e todo poeta é humano. Então vou dar um tempo na rotina também.. já estava na hora.
E quem sabe algum dia a gente se encontra e conta o que houve por todos os anos que ainda vamos passar longe//
-Até alguns anos.. ou alguns dias.. até mais.. e até alguns textos que poderá ler aqui.
-E que agora seja cada um por si e deus por ele mesmo.
beijos.

[meu celular estará desligado se precisar de notícias]

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Mariana Lopes

5 de novembro de 2009

O admirador

Não há ser que passe despercebido pela alma de um poeta. Não há o que não seja notado por seus olhos curiosos, por sua mente maquinaria ou por seu coração de manteiga.
Poeta não ama, só admira demais. [E ai como exagero ao dizer "demais"!]
A felicidade de um poeta é ter em mãos um lápis e um pedaço qualquer de papel, colocar em palavras o que sente ou vê.
Não ouse se aproximar demais de um poeta! Você pode achar que é amor, mas ele simplesmente quer decifrar seus sentimentos, segredos e afins. Poeta é, definitivamente, curioso.
Poeta observa a vida, as pessoas e o que há de mais interessante nelas.
Poeta tem consciência pesada, ansiedade, vontade de descobrir logo o segredo alheio e compará-los aos seus. Poeta fica em estado vegetativo durante horas só para observar. Poeta admira!
-Quero olhar para teus olhos até que minha vida retorne.
Poeta tem vontade de mostrar um pouco de si e esconder que é poeta. Poeta quer atençao!
-É você que eu quero, e é você que eu vou ter.
Poeta tem um quê egoista e "um outro quê" solidário.
Poeta gosta de saber que outras pessoas gostam das mesmas coisas que ele. Poeta é, pra toda vida, amador! Poeta sente muita e muita dor, nada de amor.
-Admira, admiro..
-Corre poeta, corre atrás de seus ideais, ídolos, coisas ilegais.
-Ama poeta, ama! Tente não ser tão forte assim.
-E ama poeta, amo!
O que admira, poeta, pode não ser para sempre; e há certeza que ficará guardado em seus sonhos.

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Mariana Lopes

4 de novembro de 2009

Ainda me lembro das canções antigas, das cores antigas e do respeito daquela época.
Ainda me lembro da brincadeira de soprar o anel; o ar era bom e eu ainda não sentia a falta dele. Ainda me lembro dos parques, represas e animais; da comida não contaminada e das plantações de laranja.
Ainda me lembro de como andava pelas ruas pensando no que escrever e viver.
Ainda me lembro da vida.

Me lembro também de ter uma linda floresta logo ali, e ter aquela cachoeira a xiar no quintal do mundo.
Me lembro das fogueiras que fazíamos quando chegava a noite, da fumaça que cobria nossos olhos de lágrimas e dos sorrisos.
Me lembro das fotografias que nos renderam tanto prestígio por iluminar os olhos de quem via.
Me lembro dos prazeres que a vida nos proporcionava e da felicidade que não imaginávamos ter.
Me lembro por fim dos olhos famintos e piedosos daquelas criaturas pedindo socorro; sem alimento, sem condições, sem raciocínio, mas com ignorância e ânsia e ganância.
Ainda me lembro da vida.

Ainda me lembro de com tudo começou.
Lembro dos verdes assim como lembro dos vermelhos, negros e queimados.
Lembro da àgua assim como lembro do sofrimento, seca, sede; desidratados.
Lembro da felicidade assim como lembro das angústias, fúrias, tristezas.
Lembro das grandes geleiras como lembro das ondas gigantescas desesperadas.
Lembro da solidariedade assim como lembro de cada um por si e Deus por ele mesmo.
Lembro do brilho dos olhos se tranformarem em lágrimas.
Ainda me lembro da vida, assim como me lembro de não ter feito nada por ela. ___ Mariana Lopes