29 de abril de 2010

Tatuagem

[Das vezes que escrevi algum poema intencionei-me a marcá-lo na pele de alguém.]

Amor de gestos, toques; dizer sem palavras o que se sente; ler nos olhos o roteiro, a próxima palavra; tirar dos gemidos, mesmo aqueles que parecem não ter sentido, a rima perdida de um final de verso que a respiração ofegante quase não deixa terminar.
Quero um dia fazer um poema com o sabor das bocas que se tocam, que se encontram e que se dão.
Quero um dia escrever algo em alguém, quase um poema, uma tatuagem.

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Mariana Lopes

15 de abril de 2010

Porque eu gosto de matutar.

Daí que eu estava andando a matutar..
Quis saber as soluções de tantas coisas.. tantas besteiras, quem sabe?
E pra cada uma delas, a cada momento, eu encontrava uma nova pergunta.
A que mais me intrigou foi, talvez a que mais me pois a pensar e a repensar conceitos que eu jamais imaginei ter: "Porque?"
Coloquei-me a mim mesma questões insolúveis.
[E de saber que andar me faz tão bem.. que me faz ter certeza de tanta coisa, mas que faz-me questionar tantas outras.]
E quando digo que me desconcerta, é porque é certo e verdade.
E digo mais.. pois se meu dia foi um tanto triste foi também, e até à noite, feliz..
Porque você me faz tão bem.

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Mariana Lopes

12 de abril de 2010

O que Luiz Tatit compôs e Zélia cantou, talvez, pra nós.


Eu ia saindo, ela estava ali
no portão da frente.
Ia até o bar, ela quis ir junto.
"Tudo bem", eu disse.
Ela ficou super contente.
Falava bastante,
o que não faltava era assunto
sempre ao meu lado,
não se afastava um segundo
uma companheira que ia a fundo.
Onde eu ia, ela ia.
Onde olhava, ela estava.
Quando eu ria, ela ria.
Não falhava.
No dia seguinte ela estava ali
no portão da frente.
Ia trabalhar, ela quis ir junto.
Avisei que lá o pessoal era muito exigente
ela nem se abalou
"o que eu não souber eu pergunto".
E lançou na hora mais um argumento profundo
que iria comigo até o fim do mundo.
Me esperava no portão.
Me encontrava, dava a mão.
Me chateava, sim ou não?
-Não.
De repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido.
O que fica sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha.
Isso pra mim é felicidade
achar alguém assim na cidade
como uma letra pra melodia
fica do lado, faz companhia.
Pensava nisso quando ela ali
no portão da frente
me viu pensando, quis pensar junto.
"Pensar é um ato tão particular do indivíduo"
e ela, na hora "particular, é? duvido"
E como de fato eu não tinha lá muita certeza
entrei na dela, senti firmeza.
Eu pensava até um ponto
ela entrava sem confronto.
Eu fazia o contraponto
e pronto.
Pensar assim virou uma arte
uma canção feita em parceria
primeira parte, segunda parte
volta o refrão e acabou a teoria.
Pensamos muito por toda a tarde
eu começava, ela prosseguia
chegamos mesmo, modesta à parte
a uma pequena filosofia.
Foi nessa noite que bem ali
no portão da frente
eu fiquei triste, ela ficou junto.
E a melancolia foi tomando conta da gente
desintegrados, éramos nada em conjunto.
Quem nos olhava só via dois vagabundos
andando assim meio moribundos.
Eu tombava numa esquina
ela caía por cima
um coitado e uma dama
dois na lama.
Mas durou pouco, foi só uma noite
e felizmente
eu sarei logo, ela sarou junto.
E a euforia bateu em cheio na gente
sentíamos ter toda felicidade do mundo.
Olhava a cidade e achava a coisa mais linda
e ela achava mais linda ainda.
Eu fazia uma poesia
ela lia, declamava.
Qualquer coisa que eu escrevia
ela amava.
Isso também durou só um dia
chegou a noite acabou a alegria.
Voltou a fria realidade
aquela coisa bem na metade.
Mas nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade, era eu que era.
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Zélia Duncan - por Luiz Tatit

7 de abril de 2010

O dia em que te mostrei meu outro eu.

Parecia ser tão bom, tão bonito.
Era que a ilusão me tomava conta e eu já não sabia ser eu mesma diante à hiperatividade do meu corpo e a ansiedade da minha mente, porque eu só queria ter-te em mim naquele momento.
E para você nada mais parecia fazer sentido.. nada era real - nada daquilo que esperávamos, um dia, ser.
Volvo, então, ao mundo - aquele de verdade - e já não sei o que pensar.
Uns dias sem ver-te façam-me, talvez, bem.
"Dupla personalidade", digo-te porque é mesmo! Não posso esconder, pois a pessoa que conhece como que escrevendo é, sim, diferente da que conhece como que falando.

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Mariana Lopes

4 de abril de 2010

Fluoxetina

Tão jovem, mas que já sustenta seu vício por sedalgina, neosaldina ou qualquer outro tipo de mucato de isometepteno misturado a dipirona sódica e cafeína.
O café já não lhe faz efeito.. e o tempo continua.
Ela dorme como em sono nunca feito.. desfalece em sinestesia.
Tenta levantar-se, mas apenas seu espírito se move. Ela se encontra em paralisia, drama dos efeitos do dia anterior.
Nada dela seria não fossem os resultados da pílula da felicidade que ingere todas as manhãs.Fluoxetina.

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Mariana Lopes

3 de abril de 2010

meutudo *.*

1 de abril de 2010

Ontem à noite

Ontem à noite meus olhos não encontraram os seus, não encontraram suas palavras.
Ontem à noite eu quis lembrar-te, ter-te aqui.
Pensei na sua voz, na sua letra cor-de-rosa a me pedir saudade e lembranças.
Ontem à noite estive meio mal, não achava as palavras pra te agradar.
Ontem à noite eu vi a lua, vi os cigarros e vi a vida passar.
Diante da chuva a mente flutuava, e eu tentava lembrar-me da minha existência.
Foi-se a chuva.. e com ela minha sem gracês.
Ontem à noite eu vi a lua, um arco-íris no céu à noite.

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Mariana Lopes
As coisas ÓBVIAS não passam de PREVISÕES.