4 de novembro de 2009

Ainda me lembro das canções antigas, das cores antigas e do respeito daquela época.
Ainda me lembro da brincadeira de soprar o anel; o ar era bom e eu ainda não sentia a falta dele. Ainda me lembro dos parques, represas e animais; da comida não contaminada e das plantações de laranja.
Ainda me lembro de como andava pelas ruas pensando no que escrever e viver.
Ainda me lembro da vida.

Me lembro também de ter uma linda floresta logo ali, e ter aquela cachoeira a xiar no quintal do mundo.
Me lembro das fogueiras que fazíamos quando chegava a noite, da fumaça que cobria nossos olhos de lágrimas e dos sorrisos.
Me lembro das fotografias que nos renderam tanto prestígio por iluminar os olhos de quem via.
Me lembro dos prazeres que a vida nos proporcionava e da felicidade que não imaginávamos ter.
Me lembro por fim dos olhos famintos e piedosos daquelas criaturas pedindo socorro; sem alimento, sem condições, sem raciocínio, mas com ignorância e ânsia e ganância.
Ainda me lembro da vida.

Ainda me lembro de com tudo começou.
Lembro dos verdes assim como lembro dos vermelhos, negros e queimados.
Lembro da àgua assim como lembro do sofrimento, seca, sede; desidratados.
Lembro da felicidade assim como lembro das angústias, fúrias, tristezas.
Lembro das grandes geleiras como lembro das ondas gigantescas desesperadas.
Lembro da solidariedade assim como lembro de cada um por si e Deus por ele mesmo.
Lembro do brilho dos olhos se tranformarem em lágrimas.
Ainda me lembro da vida, assim como me lembro de não ter feito nada por ela. ___ Mariana Lopes

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