19 de julho de 2009

Lamento

Frio, tudo o que consegui sentir no primeiro dia de prova. Duas calças, três blusas e um sobretudo. As pessoas me olhavam; talvez por meu tênis estar tão velho e furado, ou seria minha cara [enganadora] de nerd?
Nem um pouquinho de ansiedade; o caminho carregava o nascer do sol e apesar de ser longo, permitiu maravilhas, por três dias, a meus olhos.
Sete horas da manhã as nuvens, atrasadas, davam origem a um oceano no horizonte com efeito gelo seco. A verdade é que elas são fofoqueiras.. à noite descem para coletar informações e quando amanhece vão correndo fofocar a Deus. [Minha falta-de-câmera não permitiu que eu registrasse esse momento.]
A fumacinha que saía ao bocejar era só consequência dos 9ºC.
Não dormi nem um momento dos 135 Km de ida, afinal de contas quanto mais você dorme mais sono tem.
Quanto à dificuldade das provas, estavam fáceis e confesso que os poucos pontos são resultados do meu estudo insuficiente.
Redação; o segundo dia me deixou preocupada, não sou boa em resumos e meus argumentos são os piores. Talvez tenha zerado por causa da corrida que enfrentei, entre os carros congestionados, para não perder a prova.
Voltar pra mesma cidade pequena todos os dias.. dormir em casinha de madeira.. acordar cinco e meia da manhã.. beber café até arrepiar.. fazer específica de matemática em três horas, com fome e dor de cabeça. Sacrifícios são inevitáveis.
Três dias de UEM, mil coisas para não fazer, mais um dia na cidadezinha.. e o que restou foi um corpo estirado no chão encerado queimando ao sol, pensando na vida que não viveu e lamentando o valor que não deu àquela uma hora de estudo por dia.

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Mariana Lopes

Um comentário:

  1. Lembra daquele papo de que nada se repete, da margem do rio, tudo ser novo, sempre uma nova água a banhar as margens...? Isso é o crescimento. Saber o que tem ou não valor, mesmo por perdê-lo, já é renovação. E como tudo é aprendizado, agora já sabes que é preciso desaprender dos velhos hábitos e focar nos novos, pra diminuir a distância da caminhada que todos temos pela frente.

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